Magia e Feitiçaria

Evans Pritchard estuda, em sua obra Bruxaria, Oráculos e Magia entre os Azande”, o povo zande e sua relação com a bruxaria e os oráculos. A bruxaria permeia todo o complexo da vida social dos Azande. Ela é inerente à sociedade e faz parte de uma estrutura que organiza as relações, os conjuntos de regras e comportamentos. Assim, todo Zande conhece profundamente a bruxaria. A condição de bruxo, para os Azande, é uma qualidade intrínsceca. Isso significa que o bruxo, diferente do feiticeiro, como mostrado na obra de Levi Strauss, não pratica ritos nem profere cantos. Por isso, os Azande diferenciam claramente bruxos de feiticeiros.
Os bruxos são considerados indivíduos maléficos para a sociedade devido à presença no corpo do bruxo da substancia-bruxaria, uma prouberancia localizada na beira do fígado, dentro do qual existem pequenos objetos. Essa substancia é transmitida geneticamente, pelo genitor do mesmo sexo, ouseja, a partir de uma descendência unilinear. Todavia, nem todas as pessoas que possuem essa substancia são consideradas bruxas; a substancia pode permanecer inativa dentro do corpo da pessoa.
Caso exista um bruxo em uma família e ela não queira admitir a sua existência, o clã pode afirmar que ele é um bastardo ou que ocorreu adultério da mulher, assim se garante que todos os ascendentes não sejam bruxos. No entanto, um bruxo que não desenvolva ou não use sua bruxaria pode nunca ser identificado como um.
A bruxaria não é algo rigidamente discriminado por esse povo. Eles não consultam seus oráculos para detectar quem é bruxo, mas sim para saber se estão sendo vítima de um ato de bruxaria. Só é considerado bruxo confirmado aquele que é constantemente denunciado pelo oraculo como responsavel por doencas ou perdas.
Quando a morte de uma pessoa é identificada como bruxaria a família pode se vingar; no entanto, ela pode escolher não fazer nada para não admitir ter um bruxo na família. No passado toda a família do bruxo poderia ser submetida a vingança;