Lições de feitiçaria Rubem Alves aborda o corpo em si, e sobre seus olhares. Podemos encarar o mundo, parar o tempo e nossa casa, ao seu segundo modo de olhar, é para o despertar da alma, para que o mundo, não só um objeto de conhecimento, mas acima de tudo uma fonte de prazer. Essa capacidade de degustar o mundo é aquilo que damos o nome de sabedoria, usando o conhecimento de forma, que a vida se torne um lugar de felicidade, nos levando á alma dos seres humanos onde estão adormecidos os sonhos de beleza e bondade. Na feitiçaria as palavras tem o poder sobre todas as coisas, pois é o feiticeiro dizer as palavras certa, que sem auxilio das mãos tudo ser realiza. Já na ciência as palavras podem ser ditas a vontade que nada acontece. Na técnica as palavras são só guias para as mãos. Levando ao lado prático na cozinha, a cozinheira lê a receita e as dão ordens às mãos e as elas obedecem e fazem o bolo. O inconsciente não entende a linguagem do consciente. O inconsciente se fala a linguagem da poesia, das imagens é um artista. A poesia é a palavra que fala a mesma linguagem do nosso corpo, o verbo se faz carne e o corpo é a poesia encarnada, os poetas sempre reconheceram que poesia e magia são irmãs gêmeas. Palavras que são feitas com a mesma substância que o corpo e que não são reflexos impotentes dentro do espelho. O corpo, na verdade esconde muita luz, ele tem medo da visibilidade completa. Talvez porque a primeira palavra do corpo tenha nascido em um lugar onde não havia luz. Ela nasceu na boca, mas já estava lá antes que pudesse dizer qualquer palavra. A boca é o lugar onde mais tiramos a fonte de prazer, o ato de comer vem antes do ato de falar. E a fala ao logo do tempo é uma forma de comer. Na boca faminta que vem a primeira lição sem palavras sobre a vida, significa um corpo mudo, depois dessa fase a boca aprende que a vida e o prazer estão unidos no mesmo lugar, comer é viver, comer é lazer. O mundo externo está