CORREIA, Marlene de Castro. Rio de Janeiro Jorge Zahar Ed., 2002, 187 pgs. Em A magia lcida, Marlene de Castro Correia apresenta o conceito da ironia romntica e comenta a importncia dessa construo na potica moderna e, sobretudo, na potica de Drummond. Pensar no quo importante tem sido a abordagem do que se convencionou chamar de ironia romntica passa antes pela avaliao do que ela seja. Vista como nica linguagem capaz de se adequar a uma conscincia moderna dividida, a ironia romntica antes de tudo uma tendncia que produz uma arte desvinculada de seu carter ausente e distante, proporcionando uma aproximao maior com o objeto artstico. Dessa forma, Drummond parece surgir como o poeta que habilmente faz uso dessa forma de expresso tornando-a atitude fundamental de sua poesia. Poeta capaz de perceber e explicitar o processo criador de sua obra, Drummond faz uso dessa autoconscincia para lanar sobre sua obra questionamentos e discusses dotados de uma estruturao metalingstica em que o poema torna latentes suas contradies, suas auto referencias e suas inquietaes. Trabalhando as ambigidades implcitas da arte o poeta mineiro atua tanto no nvel imaginativo quanto no representativo, no material e no estrutural. Paradoxalmente essas foras, naturalmente opostas, se apresentam na obra de Drummond numa articulao que ora tendem para esse ou aquele nvel sem, no entanto, fazerem desse movimento um discurso dicotmico claro. Responsvel por costurar esse caminho entre este ou aquele nvel de estruturao potica est a ironia romntica a qual faz da ruptura artstica e da conseqente insero do escritor na obra um procedimento comum ao poeta e recorrente em sua obra. Outra pratica comum na obra drummondiana percebida quando essa ironia romntica funciona como elemento questionador do prprio poema. Contesta-se, critica-se e menospreza-se para fazer o leitor participar desse jogo ao mesmo tempo hermtico e explcito que eleva a palavra potica a um nvel de significao maior e isento das convenes