Macunaíma
Macunaíma – O herói sem nenhum caráter – é uma das obras pilares da cultura brasileira, onde Mário de Andrade reelabora literariamente temas de mitologia indígena e visões folclóricas da Amazônia e do resto do país, fundando uma nova linguagem literária, puramente brasileira. Macunaíma desafiou o sistema cultural da época, propondo o lançamento de outras informações culturais, diferente em tudo das posições mantidas por uma sociedade dominada até então pelo reacionarismo e o atraso cultural generalizado.
Considerado uma “rapsódia”, isto é, coletânea de contos populares, tradicionais (orais) de um país, o herói desses contos é Macunaíma (já que as rapsódias eram tipicamente contos épicos gregos, onde se narravam as grandes aventuras heroicas, como a Ilíada e a Odisséia). Mas Macunaíma não é herói como Ulisses, que defendia os valores morais de seu povo. Mário de Andrade conclui que o povo brasileiro não tem caráter, pois não tem uma consciência tradicional, não tem civilização, portanto Macunaíma não pode ser herói épico, pois não pode representar o povo, a não ser que não tenha nenhum caráter, e é o que acontece. Macunaíma – O Herói Sem Nenhum Caráter. Macunaíma é um anti-herói, é a desmistificação do herói, é a sociedade burguesa, moderna, porém ao mesmo tempo é arcaico, épico.
A presença do mito é um elemento muito forte durante o período que Macunaíma está na mata, a realidade histórica não é presente. Não há tempo, não há cronologia. Isso porque o mito é anterior à história. Ele só passa a fazer parte da História quando sai da mata e vai para a cidade, quando sai do folclore, da tradição e vai para a civilização.
O herói sem caráter
Macunaíma é considerado símbolo brasileiro em vários sentidos, um dele é o de malandro esperto, amoral, que sempre consegue o que quer, e o do povo perdido diante de muitas identidades. Macunaíma age sempre por interesse próprio, vive por si, porém possui um caráter que é o justamente o de não ter caráter.