Macunaíma: um herói incomum
Sheila Felipe Farias
Macunaíma, o herói sem nenhum caráter, é um romance de Mário de Andrade, escrito em menos de duas semanas, no ano de 1926 e publicado no ano de 1928. É denominado como uma rapsódia, pois tenta resumir as tradições folclóricas do Brasil. É considerado também uma das obras pilares da cultura brasileira. No ano de 1969, Joaquim Pedro de Andrade adaptou a obra para as telas, com o mesmo título da obra; o cineasta foi muito fiel a alguns detalhes, traindo, contudo, a outros – porém, a essência da história é transmitida com veracidade. Antunes Filho fez também uma peça de teatro relacionada à obra, montada pela primeira em 1970 e que foi premiada.
O personagem central da história, Macunaíma, é o herói sem nenhum caráter, que parece ser a identidade nacional brasileira a se desenvolver; como se sua vida, desde o nascimento até a morte, fosse a edificação dessa identidade nacional (sob a ótica “modernista” de Mário de Andrade). Fazendo uma alusão a Iracema, a virgem dos lábios de mel, de José de Alencar, poderia afirmar-se que Macunaíma é a planta que nasceu na terra que Iracema fertilizou, talvez mesmo, grosso modo, o “filho da índia com Martim”, crescendo e se desenvolvendo.
A história do herói – como é chamado durante o romance – inicia-se com seu nascimento um tanto fora do comum. Sua infância é marcada pelos constantes assédios a mulheres (principalmente às cunhadas) e pelo abandono da mãe. Depois de diversas confusões – e de conhecer Ci, Mãe do Mato – Macunaíma acaba parando na cidade, com seus dois irmãos e Iriqui (de quem acabam se separando). O herói vai para a cidade na tentativa de reaver a muiraquitã, uma pedra preciosa deixada por Ci para ele, sua única lembrança de “seu
único amor”. Sua busca, contudo, não é fácil; ele e os irmãos acabam passando por diversas trapalhadas, tanto para reaver a muiraquitã, como para simplesmente sobreviver. No final, o herói consegue