Macunaima
Macunaíma e Retrato do Brasil: A Construção da Identidade Nacional, sob o Traço da Luxúria
Silvana Assad
Mestranda da Pós-Graduação em História da Universidade Federal Fluminense.
Introdução
A aproximação entre Macunaíma, de Mário de Andrade, e Retrato do Brasil, de Paulo Prado, consiste na proposta fundamental deste trabalho. Tal aproximação estabelecer-se-á através do tema nacionalismo - comum a ambos os textos -, num diálogo permanente com o contexto histórico-cultural do Brasil na década de 20.
Mário e Paulo, envolvidos no movimento cultural e intelectual denominado Modernismo, buscaram provavelmente, na confecção das obras em questão, revelar o caráter do brasileiro, a sua identidade, lançando mão da história da formação da sociedade brasileira, desde a colonização. No sentido de delimitar esse tema por demais abrangente, o trabalho centrar-se-á na análise da questão da luxúria como um dos traços mais característicos do brasileiro, segundo o olhar dos dois autores.
A discussão sobre o método de aproximação dos dois textos iniciar-se-á, por um lado, apontando para a semelhança nodal entre ambos. Retrato do Brasil e Macunaíma foram produzidos sob o mesmo contexto histórico, cultural e ideológico. Seus autores, respeitando a individualidade de cada um, não só participaram do movimento de reação aos padrões culturais até então estabelecidos entre nós, como faziam parte de uma elite intelectual reunida por ideais comuns. Nesse sentido, Macunaíma e Retrato do Brasil se assemelham profundamente.
Ressaltada tal semelhança fundamental, tornar-se-á necessário explorar a diferença essencial entre as obras: a sua intencionalidade. Prado nos legou uma dissertação histórica sobre sua época, enquanto Mário nos apresentou um texto ficcional, literário. Respeitando essa diferença e buscando não investir sobre o texto literário como se fosse ele histórico ou apenas reflexo da realidade, o trabalho compreenderá uma pequena discussão - baseada