Macunaima

O herói de nossa gente
" (..) Macunaíma como brasileiro que é não tem caráter."
(Mário, em carta a Manuel Bandeira)
O nome "Macunaíma" foi retirado da obra de Koch Grümberg e se refere a um herói indígena. Os colonizadores usavam o nome desse herói para se referir a Deus nos catecismos.
É possível dividir o nome do herói etimologicamente em "o grande mau". No entanto, há estudiosos que vêem erro nessa divisão. Segundo Manuel Proença, Macunaíma é múltiplo, é várias personagens; nele se encontram todas as virtudes e todos os defeitos nunca unidos em uma única pessoa, por isso é tão excepcional. Dessa forma, cada um tem um pouco de Macunaíma. Em suas palavras, o herói "não é do real e sim do imaginário".
Como um herói de gesta, Macunaíma possui um apelido: "herói sem nenhum caráter", uma redondilha maior para dar grande sonoridade.
A falta de caráter (psicológico) é exatamente o que caracteriza Macunaíma. O herói possui hábitos, crendices e linguagem sem nenhum traço regional predominante. As culturas das diferentes regiões foram incorporadas por ele sem ordem ou hierarquia.
"E é justamente essa ausência de caráter que lhe dá um grande caráter sobre-humano onde se refletem no tumulto de aparente indisciplina as energias elementares" (Ronald de Carvalho, in Estudos).
Macunaíma está fora do tempo e do espaço e por isso pode realizar fugas espetaculares sem o mínimo respeito pelas posições geográficas. No livro, lugares aparecem em estados diferentes dos de onde estão situados na realidade. O herói chega a São Paulo quando o país é uma República, mas encontra e interage com pessoas de outras épocas.
"Correram correram. Passaram lá rente à Ponta do Calabouço, tomaram rumo de Guarajá Mirim e voltaram pra leste. Em Itamaracá Macunaíma passou um pouco folgado e teve tempo de comer um dúzia de manga-jasmim que nasceu do corpo de dona Sancha, dizem. Rumaram para sudoeste e nas alturas de Barbacenao fugitivo avistou uma vaca no alto duma ladeira calçada com