MACUNA MA
O livro Macunaíma, o herói sem caráter, foi publicado por Mario de Andrade em 1928, alguns anos depois da Semana de Arte Moderna, evento ocorrido em 1922 que foi considerado um marco nas artes plásticas, na literatura e nas artes em geral no Brasil e do surgimento do Partido Comunista no Brasil.
Macunaíma foi publicado por uma pequena editora de São Paulo, nas Oficinas Gráficas de Eugênio Cupolo, com tiragem de oitocentos exemplares, custeados pelo próprio autor.
De acordo com a especialista na obra, Noemi Jaffe, em entrevista à Revista do Instituto Unisinos, edição 268, ano VIII, de 11/08/2008, “Macunaíma obteve recepção dúbia, de celebração por parte dos modernistas e de seus entusiastas, e de muita rejeição também”.
O livro foi considerado muito inovador por apresentar características como não obedecer a uma linearidade de tempo e espaço e por misturar realidade com aspectos fantásticos, míticos (alguns estudiosos o comparam com a Ilíada, de Homero, por seu tom épico e por narrar a saga do herói em busca de um objetivo. No caso de Macunaíma, o amuleto perdido, a Muiraquitã).
“No outro dia os manos deram um campo até a beira do rio mas campearam campearam em vão, nada de muiraquitã”.
Mário de Andrade, Macunaíma, (Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2013, 2ª ed.); p. 44.
“E era que Macunaíma estava desinfeliz porque perdera a muiraquitã na praia do rio quando subia no bacupari. Porém agora, cantava o lamento do uirapuru, nunca mais que Macunaíma havia de ser marupiara não, porque uma tracajá engolira a muiraquitã e o mariscador que apanhara a tartaruga tinha vendido a pedra verde pra um regatão peruano se chamando Venceslau Pietro Pietra”.
Mário de Andrade, Macunaíma, (Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2013, 2ª ed.); p. 45.
A obra foi considerada uma rapsódia, que pode ser definida como uma peça musical em que são colados vários temas, geralmente de cunho popular. Para os gregos, rapsódia é uma obra literária que condensa todas as tradições