macroeconomia
MIGLIOLI, J. (1981) Acumulação de Capital e demanda efetiva, São Paulo: TAQ – Introdução
Kalecki escreve sobre a demanda efetiva em 1933. Antes dele havia uma vasta coletânea marxista nas quais o problema da demanda efetiva era conhecido como o problema da realização e como problema dos mercados. Lenin criticou no início do século XX aqueles que colocavam o mercado em primeiro plano nas discussões sobre desenvolvimento capitalista e então o problema da realização sumiu da literatura marxista.
Kalecki observou na Polônia de 1933 que a produção decrescia mesmo com força de trabalho e capital suficientes para manter os níveis. Ele constatou que a queda só poderia ser explicada por uma “crise de realização, uma restrição de mercados, uma insuficiência de demanda efetiva” (p. 2)
PARTE I: A lei de Say e suas implicações
Capítulo 1 – A longa vida de Say
Jean-Baptiste Say (1767-1832), economista francês. Marx questiona sua lei dos mercados e atribui a primeira ideia à James Mill, pai de John Stuart Mill, que falava de um equilíbrio metafísico entre vendedores e compradores. Além do que a ideia também já estava na obra de Smith. Keynes repudiava David Ricardo por ter incorporado a lei de Say em sua obra e consequentemente à ciência econômica. Mas o fato é que a lei “vigorou” entre 1817 quando Ricardo publica Principles of Political Economy and Taxation até 1930.
“A ‘lei de Say’ estabelece que toda produção encontra uma demanda, ou seja, que toda renda (salários e lucros)é inteiramente gasta na compra de mercadorias e serviços, e, portanto, não pode haver um excesso de produção ou renda em relação à demanda ou às despesas efetivamente realizadas” (p. 11)
A Lei de Sé, segundo Kalecki era fortemente facilitada pelas experiências individuais dos integrantes da economia que via a afirmação de que toda oferta gera demanda na prática no seu dia a dia ou no “trato de suas economias pessoais”, como diz Miglioli.