machado de assis
As personagens de Machado de Assis não são seres extraordinários nem procedem de maneira heroica. São homens e mulheres comuns, dotados de sentimentos contraditórios, complexos como qualquer ser humano. Por isso é difícil classificar as personagens machadianas em boas ou más.
O que interessa em Machado não é a descrição do exterior. O autor penetra na consciência de cada personagem, descrevendo um mundo complexo em que descobre e denuncia, com frequência:
1. A paixão pelo dinheiro – “[Marcela] negociava com o único fim de acudir à paixão pelo lucro, que era o verme roedor daquela existência.” (Memórias Póstumas de Brás Cubas);
2. O egoísmo – “Seria singular que esta mulher, que não tinha amor àqueles homem, não quisesse dá-lo de noivo à prima, mas a natureza é capaz de tudo...” (Quincas Borba);
3. O medo da opinião alheia – “Olha que os homens valem por diferentes modos, e que o mais seguro de todos é valeres pela opinião dos outros homens.” (Memórias Póstumas de Brás Cubas);
“Tinham fé, mas também vexame da opinião, como um devoto que se benzesse às escondidas.” (Esaú e Jacó);
4. A dissimulação [traço mais marcante das personagens femininas] – “Capitu não se dominava só na presença da mãe; o pai não lhe metia mais medo. No meio de uma situação que me atava a língua, usava da palavra com maior ingenuidade deste mundo... Alegou susto e deu à cara um ar meio enfiado, mas eu, que sabia de tudo, vi que era mentira e fiquei com inveja.” (Dom Casmurro);
5. A vaidade – “Por que é uma mulher bonita olha muitas vezes para o espelho, senão porque se acha bonita, e porque isso lhe dá certa superioridade sobre uma multidão de outras mulheres menos bonitas ou absolutamente feias?” (Quincas Borba)
“A multidão atraía-me, o aplauso namorava-me.” (Memórias Póstumas de Brás Cubas).
Quanto à temática: nos contos e romances machadianos da segunda fase, os temas seguintes aparecem com bastante frequência:
1. A relatividade dos conceitos morais –