Língua e Sociedade
É uma obra instigante, que procura acenar para o constante sentimento negativo que nos abrasa ao ouvirmos pronúncias diferentes daquela que julgamos a correta. Pode-se considerar um resgate à cidadania por aqueles que possuem situação desfavorável no que tange à obtenção de conhecimento. Certamente, se alguém nunca pensou sobre o assunto, será convidado a uma profunda reflexão sobre suas atitudes e até mesmo, a reconsiderá-las ou ignorá-las.
Desde as primeiras palavras, Bagno utiliza-se do argumento de Aristóteles em que o homem “é um animal político” para defender a posição que “tratar da língua é tratar de um tema político, já que também é tratar de seres humanos” (p.19). Desta forma, consegue-se perceber o tom utilizado ao longo de toda a leitura, por vezes um tanto radical, esclarecendo que o preconceito linguístico está relacionado à confusão entre língua e gramática normativa.
Para tanto, contesta a democracia brasileira a partir da Declaração Universal dos Direitos Linguísticos da Unesco no que tange à inexistência de uma “política linguística racional e transparente, voltada para o bem de todos os cidadãos” (p.25) no país, argumentando que em nosso Estado, surgem instituições que pretendem defender alguns grupos, mas não aqueles que sofrem discriminação porque não têm acesso à educação e estão marginalizados em classes sociais desfavoráveis.
Conforme mencionado anteriormente a respeito de sua proposta de desmistificar língua e ensino, Marcos