Língua e Sociedade
Onde se usava terno e gravata, usa-se ‘jeans’ e camiseta; onde se usava sapato, usa-se tênis. Usa-se tênis até mesmo com terno... Na sua coluna de fevereiro, Sírio Possenti fala do aumento da informalidade na nossa sociedade e de como isso afeta a língua.
Por: Sírio Possenti
Publicado em 24/02/2012 | Atualizado em 24/02/2012 http://cienciahoje.uol.com.br/colunas/palavreado/lingua-e-sociedade A sociedade brasileira vive um aumento visível da informalidade. Prova disso são os trajes atuais de trabalho e de viagem. O fenômeno também explica a preferência por determinadas formas de tratamento e de dar ordens. (fotos: Sxc.hu e reprodução)
Como já disse anteriormente neste espaço, muitos pensam nas línguas tendo como pano de fundo apenas a questão da correção. Essa mentalidade alimenta os discursos da decadência, velhos como a humanidade. Desde que se tem notícia, camadas (superiores?) da sociedade afirmam que a língua está em decadência.
O que alimenta essa tese é a crença de que teria havido uma língua perfeita: a de antes de Babel, o grego antigo, o latim clássico, até mesmo o português antigo, que era, em certo sentido, o latim ‘errado’. Mas línguas nunca foram perfeitas, pelo menos não no sentido que se atribui à palavra nesses ‘centros’ de pensamento. É pura ideologia, no sentido mais banal da palavra.
Outros tantos pensam que as línguas são meios de comunicação. O que importa é a mensagem, o objetivo é ser bem-sucedido (chega-se a ouvir que o erro seria não ser entendido!). O curioso é que, às vezes, a melhor comunicação (publicitária, literária, humorística) é aquela em que a mensagem está implícita. Ora, o implícito é o que não é comunicado, por definição.
Mas uma língua é bem mais do que tudo isso. Seria o principal divisor entre humanos e não humanos. Além disso, estaria fundada em princípios universais, quiçá biológicos, alguns deles inatos, tese obviamente controversa, mas que se reforça numa época em que