Lusiadas canto III
(estâncias 42 – 54) – Batalha de Ourique
Nas estâncias 42 a 54 é narrada a lenda da Batalha de Ourique ao rei de Melinde por Vasco da Gama.
Vasco da Gama heterodiegético, ou seja, narrador que não fazendo parte do Universo narrativo, relata uma história na 3ª pessoa.
Fazendo uma pequena análise das estâncias, do acontecimento, temos nas primeiras três a caraterização dos exércitos em confronto: o português e o mouro.
O exército Lusitano, exército ditoso” (bem – aventurado) “defronte do inimigo Sarraceno posto que em força e gente tão pequeno”. (salienta-se a minoria dos portugueses). Na estrofe 43 fala-se na fé e coragem de D. Afonso Henriques, o “fundado de Portugal”, que mesmo em exagerada desproporção numérica nada teme. (valoriza e hiperboliza vitória portuguesa que contribui para conferir aos lusitanos um estatuto épico). Ainda na estância 44, há a valorização dos oponentes dos portugueses, “cinco reis mouros são os inimigos”, de modo a glorificar ainda mais a vitória de Portugal.
Conforme referi, esta Batalha de Ourique é uma cruzada, ou seja, um movimento militar de inspiração cristã cujo objetivo é a conquista do território português e o domínio cristão. Esta batalha pode servir até de argumento político para justificar a independência do reino de Portugal: a intervenção pessoal de Deus era a prova da existência de um Portugal independente por vontade divina e, portanto, eterna.
Com esta aparição de Jesus Cristo, D. Afonso Henriques ganhou mais foça e esperança para lutar, ficando inflamado pela chama guerreira, contagiando todo o seu exército, que esperançoso e confiante em conjunto gritava. Este ânimo exacerbado irritou e intimidou os inimigos. O forte e corajoso exército Lusitano rompeu e desfez as forças inimigas, pondo os restantes em fuga apavorada.
É ainda de referir, no verso 4 da estrofe 53, a importância do número três como o número perfeito, divino, que destaca os atos heroicos do rei. Mais uma referência à