Lumiéres Noires
O documentário , retrata a luta dos negros pela igualdade nos anos 50, num período de grandes mudanças, marcado pelo pós-guerra e pela existência de dois grandes blocos mundiais ( o comunista e o Ocidental democrático).
Num Ocidente marcado pelo rescaldo da 2ª guerra mundial, os brancos já não mais podem usar o argumento da superioridade racial perante os negros, devido ao risco de ressuscitar ideologias nazis. Esta constitui a janela de oportunidade, primeiro para uma onda de descolonizações forçadas em territórios de países europeus, e para algumas afrontas politicas e estratégico-simbólicas de ex-colonizados europeus.
Foi neste quadro, que se começou a desenhar a emancipação dos negros. Nesse sentido, em Paris, alguns influentes intelectuais negros decidiram empreender esforços para reunir a elite negra mundial, e desta forma, tentar criar o lobby que lhes permitisse adquirir mais visibilidade, para iniciar esta sua demanda.
Desde logo, a tentativa de unir esta elite em torno de um ideal comum, tornou-se mais difícil do que à partida se poderia prever. Existiam diferenças importantes ao nível da ideologia politica e religiosa, e os próprios fundamentos do que se pretendia para o povo negro, tornaram-se objeto de confronto. O que se pretendia, como um encontro pacífico de irmãos, com objetivo de divulgação de um bem comum, tornou-e um espaço de conflito de crenças pessoais e diferenças.
Apesar de todas estas dificuldades, a reunião tornou-se a repetir já que a primeira teve bastante impacto mediático. Na verdade, este congresso de africanos contribui importantemente para que a exclusão racial tenha progressivamente perdido a sua legitimidade. Mas, na atualidade a exclusão racial apesar de não legitimada persiste através da intolerância ao multiculturalismo.
A “guerra” dos negros, de 1956, continua bem presente e não terminou, só que desta vez dos dois lados da barricada temos diversos outros actores.
Frederico Marçal
70845644