Lulismo
IDEOLÓGICAS DO LULISMO
André Singer
RESUMO
O artigo sugere hipóteses para compreender o realinhamento eleitoral que teria ocorrido em 2006. O subproletariado, que sempre se manteve distante de Lula, aderiu em bloco à sua candidatura depois do primeiro mandato, ao mesmo tempo em que a classe média se afastou dela. A explicação estaria em uma nova configuração ideológica, que mistura elementos de esquerda e de direita. O discurso e a prática, que unem manutenção da estabilidade e ação distributiva do Estado, encontram‑se na raiz da formação do lulismo. palaVRaS chaVE: Realinhamento eleitoral; subproletariado; ideologia; lulismo.
AbStRAct
This article suggests a few hypotheses to understand the new electoral configuration that was formed in 2006. The subproletariat, that has always kept itself away from Lula, accep‑ ted in large scale his candidature after the first term of his presidency, at the same time that the middle‑class moved away from it. The explanation would be on a new ideological configuration, that mixes leftwing and rightwing elements.
The rhetoric and the praxis, that are able to unite the maintenance of stability and the distributive action of the state, are in the origins of the formation of lulism.
KEywORDS: New electoral configuration; subproletariat; ideology; lulism.
[1] No segundo turno de 2002,
Lula teve 52.788.428 votos contra
33.366.430 votos para José Serra.
No segundo turno de 2006, Lula fi‑ cou com 58.295.042 votos, contra
37.543.178 votos para Geraldo Alckmin.
Talvez no futuro, quando for escrita a crônica factual dos dois mandatos presidenciais de Luiz Inácio Lula da Silva, o pleito de 29 de outubro de 2006 apareça como mera repetição dos resultados nu‑ méricos de quatro anos antes, em que o candidato do PT venceu o do
PSDB por uma diferença em torno de 20 milhões de votos1. Rema‑ nescerá então encoberto, sob cifras quase idênticas, o deslocamento que, com o aspecto superficial da consagração do lulismo, pode ter