Lucíola
(José de Alencar ) Com rápidas palavras, o crítico Manuel Cavalcanti Proença situa o escritor José de Alencar no contexto dos escritores românticos brasileiros: “Para a idéia ainda hoje corrente, do artista anti-social, rebelde às convenções, inadaptado e boêmio, a vida de José de Alencar é uma decepção”. Não tem aquele grão de loucura que aparece em Fagundes Varela, dipsomaníaco, descendo a ofertar quadras improvisadas a botequineiros, a troco de cachaça; não tem aquele traço de destino trágico que marca a fronte de um Castro Alves, morrendo de amores por mulheres belas e fatais, morrendo de gangrena na casa dos vinte anos; não tem aquele marginalismo de Bernardo Guimarães, em que a cultura não passou de verniz a redescobrir uma alma de tropeiro nômade. José de Alencar foi homem normal, de vida plena e clara na superfície; se morreu de tuberculose, isso se deve ao atraso da medicina de seu tempo do que à escola romântica. O que distingue dos contemporâneos é a consciência, despertada cedo, de que o artista se faz é pelo domínio de seu instrumento de trabalho. “Fantasia, ele a tinha, e vertiginosa por vezes, mas sob suas leves nuvens, havia chão sólido de preparo, de leitura e de exercícios, em que firmava pé os saltos, vôos e até cabriolas que executou.” (in José de Alencar na Literatura Brasileira, 2ª ed., Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1972, p.7). Várias têm sido as divisões das obras de Alencar. Praticamente todas se baseiam na divisão feita por ele mesmo quando, no prefácio ao romance Sonho d'Ouro, 1872, traçou o provável plano geral de suas obras. Os críticos modernos sugerem mais ou menos esta classificação: 1. Romances urbanos: Cinco Minutos, A Viuvinha, LUCÍOLA, Diva, A Pata da Gazela, Sonhos d' Ouro, Senhora, Encarnação. 2. Romances históricos: O Guarani, As Minas de Prata, Alfarrábios, Guerra dos Mascates, Iracema e Ubirajara. 3. Romances regionalistas: O Gaúcho, O Tronco do Ipê, Til, O