Lucio Costa, Gregori Warchavchik e Roberto Burle Marx: síntese entre arquitetura e natureza tropical
lúcio costa
sérgio buarque
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juscelino
Lúcio Costa,
Gregori Warchavchik e Roberto Burle Marx: síntese entre arquitetura e natureza tropical ABILIO GUERRA
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REVISTA USP, São Paulo, n.53, p. 18-31, março/maio 2002
ABILIO GUERRA é professor da Faculdade de Arquitetura e
Urbanismo da PUCCampinas, ex-editor da
Óculum, atual editor de
Vitruvius e co-autor de
Rino Levi – Arquitetura e
Cidade (Romano Guerra).
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úcio Costa (1902-98) faria 100 anos em 2002, ano em que se sucedem merecidas homenagens a um dos principais intelectuais do
O presente artigo é amplamente baseado em: Abilio Guerra, Lúcio
Costa: Modernidade e Tradição.
Montagem Discursiva da Arquitetura Moderna Brasileira, tese de doutorado, Campinas, Unicamp,
2002.
Brasil. Já são significativos também os es-
“A solução colonialista que condenara a grande palmeira imperial não fizera mais do que copiar os jardins românticos, avant la lettre, do fim do século XVIII. Burle
Marx mostrou o caráter falso dessa pretensa solução ao ir buscar o material de que carecia nas fontes verdadeiras, isto é, na vegetação brasileira de recursos inesgotáveis, desde a floresta amazônica, de onde nos trouxe espécimes em todo o esplêndido vigor de sua selvajaria, aos fundos das casinhas de caboclo ou à beira dos caminhos, onde foi apanhar plantas e flores abandonadas, desprezadas, mas familiares à ambiência da roça brasileira, como os cães vagabundos, sem donos, dos fundos de quintal”
(Mário Pedrosa) (1).
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forços analíticos enfocando sua obra, realizados por intelectuais de porte, como Yves
Bruand, Carlos Martins, Hugo Segawa,
Otília Arantes, Margareth da Silva Pereira,
Sophia da Silva Telles e outros. Nossos estudos pessoais têm se voltado para a elucidação do processo de montagem discursiva da arquitetura moderna brasileira, processamento artificial de conferir retrospectivamente uma suposta organicidade a um processo histórico