Lua Adversa - Cecilia Meireles
Café com pão
Café com pão
Café com pão
Virgem Maria que foi isto maquinista?
Agora sim
Café com pão
Agora sim
Café com pão
Voa, fumaça
Corre, cerca
Ai seu foguista
Bota fogo
Na fornalha
Que eu preciso
Muita força
Muita força
Muita força
Oô..
Foge, bicho
Foge, povo
Passa ponte
Passa poste
Passa pasto
Passa boi
Passa boiada
Passa galho
De ingazeira
Debruçada
Que vontade
De cantar!
Oô…
Quando me prendero
No canaviá
Cada pé de cana
Era um oficia
Ôo…
Menina bonita
Do vestido verde
Me dá tua boca
Pra matá minha sede
Ôo…
Vou mimbora voou mimbora
Não gosto daqui
Nasci no sertão
Sou de Ouricuri
Ôo…
Vou depressa
Vou correndo
Vou na toda
Que só levo
Pouca gente
Pouca gente
Pouca gente…
O tema de Manoel Bandeira Trem de Ferro, é uma imitação sonora de um trem em movimento. Sua riqueza está entrada no ritmo e na sua musicalidade baseada na métrica, na aliteração e na assonância. Além de incluir três canções em seu interior (Ôo, Ôo, Ôo).
O ritmo do trem é marcada pelo número de sílabas poéticas do verso, quando está indo é veloz e há trissílabos, quando perde velocidade possui quatro ou cinco sílabas poéticas (café/pão).
A influência do modernismo já estava presente nesse poema; o rompimento com “amarras” poéticas, ousadia de versos livres e menos rimados, o uso da ironia e o senso crítico.
Busca a cultura popular, sobretudo a nordestina, fazendo citações de cantigas antigas e elementos do folclore brasileiro como embolada, cordel, repente e cantiga de roda estão no centro deste poema. E como se fosse brincadeira de roda autor nos convida a retornar ao mundo lúdico. Como mostra uma cantiga cujo o nome é Trem de Ferro.