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CUSTO BRASIL

INTRODUÇÃO

Quando se discute o Custo Brasil, sai-se, incontinenti, à cata dos suspeitos habituais: o déficit público, os elevados custos de transporte e porto, a sempre crescente carga tributária e os custos associados ao trabalho e à previdência. Não há dúvida de que esses fatores têm influência considerável na formação dos custos da economia, ajudando a colocar o Brasil em um patamar pouco competitivo no quadro internacional aberto e crescentemente globalizado. No entanto, é necessário ir além desses fatores mais visíveis e procurar no próprio processo de formação empresarial, sociocultural e política, e em fatores de natureza geoestratégica, algumas explicações para essa dificuldade crônica em alinhar o setor produtivo com as economias mais competitivas do planeta. Este artigo tenta abordar o Custo Brasil a partir de uma visão ampliada e de uma perspectiva mais abrangente de entendimento do assunto, diferentemente da forma como este vem sendo analisado em outros trabalhos.

A herança burocrática da sociedade brasileira

O Brasil melhorou um pouco nos últimos anos, porque até 1990, para se abrir um simples posto de gasolina em qualquer lugar do país, era necessária uma autorização do hoje extinto Conselho Nacional de Petróleo que, além dessa missão importantíssima, era também encarregado de formular a política nacional de hidrocarbonetos e fiscalizar a Petrobrás, empresa que chegou a ter 120 mil empregados e faturamento anual de bilhões de dólares. Moer trigo era considerado uma atividade de alta complexidade e importância estratégica, apesar de o trigo ser uma commodity abundante em todo o mundo e de o processo tecnológico de moagem não ter variado significativamente desde a Idade Média. Para moer o trigo no Brasil, havia, até alguns anos, a necessidade de uma quota especial atribuída pelo governo a alguns poucos felizardos. Um produtor de álcool carburante não podia vender livremente seu produto em um posto de serviços vizinho da usina