Lixo extraordinário
Segundo Vik, o lixo é para onde as pessoas jogam o que não querem mais, assim como os catadores de lixo, que vivem à margem da sociedade. Mais do que retratar a situação em que vivem essas pessoas, o documentário, dirigido pela americana Lucy Walker e pelos brasileiros Karen Harley e João Jardim, registra o processo de trabalho artístico de Vik Muniz. Ele deixa seus estúdios nos EUA e vem conhecer de perto como é a vida dos catadores; aos poucos conhece alguns deles e diz o que pretende. Quer transformar o lixo — a matéria prima e de sobrevivência daqueles trabalhadores — em arte, mas com a parceria e colaboração deles. E assim é feito.
O filme é a construção dos painéis em que os catadores de lixo são retratados e viram as estrelas principais. Depois de fotografados, as imagens escolhidas dos catadores são projetadas de uma altura gigantesca no chão e nessa hora a participação deles é fundamental. A fotografia no chão é preenchida com sucatas e objetos retirados do aterro sanitário. O efeito é belíssimo e esse painel é novamente fotografado e vai se transformar no quadro final do artista. Vik Muniz: auto-retrato
O espectador na sala de projeção não só participa do processo de construção dos magníficos painéis de Vik Muniz como acompanha a transformação que se dá na vida de pelo menos cinco catadores retratados pelo artista. Da garota que posa despretensiosamente no aterro sanitário, que vira uma mulher independente e com horizontes ampliados depois de completado o trabalho com Vik. Os depoimentos emocionados de todos os retratados revelam como o processo artístico modificou