Livros Alienação
“Entendemos por alienação um modo de experiência em que a pessoa de sente como um estranho. Poder-se-ia dizer que a pessoa se alienou de si mesma. Não se sente como centro de seu mundo, como criadora de seus próprios atos, tendo sido os seus atos e as consequências destes transformados em seus senhores, aos quais obedece e aos quais quiçá até adora. A pessoa alienada não tem contato consigo mesma e também não o tem com outra pessoa. Percebe a si e os demais como são percebidas as coisas: com os sentidos e com o senso comum, mas ao mesmo tempo, sem relacionar-se produtivamente consigo mesma e com o mundo exterior.”
Erich Fromm, Psicanálise da Sociedade Contemporânea
Costuma-se falar muito em alienação. Normalmente se diz que tal pessoa é alienada pois não se informa sobre a situação política do país ou porque utiliza drogas para alterar o estado de sua consciência. São muitos os casos em que se chama alguém de alienado, porém, provavelmente quem utiliza essa expressão não sabe o seu real significado e todo o peso que carrega.
O termo é utilizado em diversos sentidos, se dizia que uma pessoa era alienada mental, ou seja, louca, sem juízo; no sentido jurídico, quando se perde o direito a usufruto ou posse de um bem, diz-se que esse fora alienado,portanto anexado por outrem. Nos dois sentidos, e em tantos outros, a ideia de alienação indica uma separação, o louco está fora de si, separado de sua consciência; a propriedade está separada de seu proprietário original. O termo alienação vem do latim alienus,
“que pertence a um outro”. A noção de separação e a de pertencimento a um outro são relacionáveis. No nosso caso, pensamos no homem separado de si mesmo, mas não da mesma maneira que um alienado mental, mas no sentido de não pertencer a si próprio. A diferença parece sutil, mas na verdade é grande, para começarmos a entendê-la devemos pensar na maneira primordial de ser do homem e de se relacionar com a natureza ao seu redor.