LIVRO
Levantou- se da cama e procurou por uma tesoura, acabou achando uma em sua mesa de cabeceira. Foi até o banheiro e se observou no grande espelho.
O que viu foi a imagem de uma adolescente criada para ser a imagem da perfeição; roupas impecavelmente arrumadas, rosto de anjo, unhas com cores sóbrias, o cabelo castanho comprido preso num rabo de cavalo... Afinal, ninguém esperaria menos da filha de um grande político como seu pai.
_ Essa não sou eu! – disse – Essa é a filha que ele gostaria de ter... Mas de agora em diante ele não manda mais em mim, nunca mais!
Arrancou o grampo que lhe prendia os lindos cachos castanhos, pegou a tesoura e cortou- os, sentiu um grande alívio quando o fez, pois parecia ter deixado de carregar o mundo em suas costas. Olhou- se novamente no espelho, satisfeita com o resultado, essa sim era ela, de cabelos soltos, mas ainda se vestia como uma princesa.
Arrancou as roupas caras de que sua mãe tanto gostava, ficando apenas de sutiã e calcinhas na frente do espelho. Pegou do chão as roupas e cortou- as com fúria.
_ Desculpe mamãe, mas ele pede por isso!
Quando viu as roupas elegantes, agora reduzidas a trapos, sorriu com uma alegria inexplicável.
Foi até o guarda- roupas e fez a mesma coisa com todas as suas outras roupas, deixando apenas uma calça jeans preta, uma blusa também preta e única jaqueta de couro que seu pai a deixara comprar na vida. A partir de agora, ninguém mais controlaria suas roupas, ninguém mais a diria com agir, ela era dona de si para se comportar como bem entendesse.
Vestiu as roupas pretas, que agora fariam parte da sua vida, e saiu.
_ Deus! O que foi que aconteceu aqui?
Gritou Margaret assim que entrou no quarto da filha. As roupas do guarda-roupas de Katherine estavam todas cortadas no chão, os cabides jogados e a porta do banheiro escancarada.
_ Kathy, você está ai?