LIVRO
I
UMA TEORIA REALISTA DA
POLÍTICA INTERNACIONAL
Este livro tem por objetivo apresentar uma teoria sobre política internacional. A prova pela qual tal teoria deve ser julgada tem de caracterizar-se por uma natureza empírica e pragmática, e nào apriorística e abstrata. Em outras palavras, essa teoria deve ser testada, não em função de algum princípio abstrato preconcebido ou de determinado conceito desligado da realidade, mas sim pelo seu propósito: trazer ordem e sentido para uma massa de fenômenos que, sem ela, permaneceriam desconexos e incompreensíveis. Ela deve ser submetida a dois testes, um empírico e outro teórico, qual seja: será que os fatos, tais como se apresentam hoje, prestam-se realmente à interpretaçào que essa teoria propõe para os mesmos? Será que as conclusões a que chega a teoria decorrem, sob o prisma da lógica, necessariamente de suas premissas? Em resumo: será que a teoria é coerente com os fatos e com seus próprios elementos constitutivos?
A matéria suscitada por essa teoria diz respeito à natureza de qualquer política. A história do pensamento político moderno não é mais do que a crônica da contenda entre duas escolas doutrinárias que diferem fundamentalmente em suas concepções da natureza do homem, da sociedade e da política. A primeira acredita que uma determinada ordem política, racional e moral, por ser derivada de princípios abstratos válidos universalmente, pode ser alcançada nas condições atuais e de pronto.
Ela pressupõe a retidão inerente e a maleahilidade infinita da natureza humana, motivo pelo qual debita a incapacidade da ordem social de elevar-se ao nível dos padrões racionais à falta
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de conhecimento e de compreensão, ~l obsolescência das insti~l depravação de certos indivíduos ou grupos isolados. Ela confia na educação, na reforma e no uso esporádico de métodos coercitivos para remediar esses defeitos.
A outra escola considera que o mundo, imperfeito como é
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