livro x
O filósofo ateniense, lançando mão de sua teoria das ideias ou formas, nos responde: a poesia está a três pontos da verdade. Suas obras são imitações imperfeitas de objetos particulares que são, por sua vez, cópias igualmente imperfeitas das idéias ou formas. Existem, assim, retrospectivamente o nível inteligível, que se caracteriza por conter objetos universais e atemporais, o nível sensível, que contém objetos particulares utilizados na vida cotidiana e, finalmente, o nível artístico, que contém imagens imperfeitas dos objetos sensíveis. No exemplo platônico, temos a mesa ideal, que determina todas as particulares, as mesas sensíveis, que são utilizadas cotidianamente, e as mesas representadas pelos artistas, que não determinam as outras e não servem aos mesmos propósitos que as mesas particulares. De acordo com este argumento, as produções artísticas estão distanciadas da verdade universal das ideias ou formas e, por isso, representam coisas menores e insignificantes no pensamento platônico.
Ora, reconhecer que as obras de arte estão distantes da verdade das ideias não basta, contudo, para expulsá-las da cidade ideal. Afinal, o que na maior parte das vezes nos chama atenção nas produções artísticas é justamente seu aspecto fantasioso. Compreendemos, assim, que a “mentira” ou “engano” da arte não são simplesmente negativos, mas contém algo de positivo que pode despertar novas percepções da realidade. Ao