Livro Grifos do Passado
GRIFOS DO PASSADO
NOTA DO AUTOR
Resolvi escrever um livro sobre a minha religião, a Umbanda. Mas para quem o dirijo? Para os entendidos, aos neófitos, ou aos iniciantes? Aos membros da minha corrente da Sociedade Espiritualista Edmundo Rodrigues
Ferro – o Terreiro do Pai Maneco ou aos espiritualistas? A quem? Como é difícil escrever um livro, considerando que no prefácio já estou em dúvida.
Resolvi: vou escrever para mim e para quem quiser ler, seja ele quem for. O tema já escolhi, só falta o estilo. Devo falar dos orixás, das linhas, das correspondências, dos números de espíritos existentes, do bem e do mal, do grande engano do exu sórdido, ou do exu bom e correto que conheço? Vou descrever a imaginária e complicada Umbanda esotérica, ou a Umbanda que pratico e amo? O que devo escrever sobre as correspondências entre as várias falanges, das linhas da Umbanda pregadas pelos autores, a do orixá maior e orixá menor, falanges superiores e sub-falanges? Ou devo me limitar aos fundamentos da Umbanda simples praticada pelo povo? Vou me dirigir à elite ou à massa? Não posso me contradizer, se vou escrever para mim, tenho que me dirigir a quem pertenço e gosto: às massas.
Sentado no computador, criei uma tecla imaginária: "deletar o que os outros dizem". Não hesitei, acionando este adequado recurso. Só vou depender de mim, e da minha cumplicidade com os espíritos.
Conto minha vida espiritual, do meu jeito, as coisas tristes e as alegres, falo muito das entidades com quem trabalho e por isso as conheço.
Suas histórias, comportamentos e atuações são iguais às de todas as outras entidades. Quando eu mencionar o nome do Caboclo Akuan, entendam qualquer caboclo dirigente de trabalho, e quando mencionar o do Pai Maneco, falo de todos os pretos-velho que trabalham na Umbanda. Cada espírito que mencionar, troque o nome pelo de sua entidade, e tenha certeza, ele será igual. Estou contando, desde minha infância, a passagem na linha
kardecista,