Literatura e Consciência, de Octávio Ianni
“Literatura e Consciência” revela o engajamento do autor em apresentar a natureza da literatura negra. Segundo Ianni, tal literatura “não surge de um momento para outro, nem é autônoma desde o primeiro instante”. Marcada pelos “denominadores comuns”, a literatura negra possui perfil próprio que compartilha de características internas - linguagem, temas - e elementos de natureza social e psíquica.
Como tema principal da literatura afrodescendente, o crítico destaca o próprio indivíduo negro, ressaltando o aspecto produtivo: esta é concebida por autor negro que dedica suas escritas exclusivamente à sua raça, suas origens, sua cultura; de forma simples e justa, após séculos de produção de “literatura branca”, esse indivíduo à margem, sujeito que compõe a classe dominada, passa a exteriorizar e propagar sua história através das artes.
Pode-se dizer que a produção negra contemporânea é explicita quanto à representação do negro, diferente da representação de Cruz e Souza e Machado de Assis. Ianni endossa que a aura problemática que circunda cada autor resplandece da cultura dominante. A negritude desses autores foi camuflada ao longo da história literária e cabe ao escritor desses tempos recuperá-la, mostrando como foram seus fundadores. Tomando as obras machadianas para perto, o crítico esclarece que há de certa forma, ausência de participação ativa do negro em suas produções, todavia deixa posto argumentos a favor da preocupação implícita de Machado