Literatura Comparada
A segunda semelhança que poderíamos apontar seria o tema desses discursos. O filme de Hirszman mostra a história do romance de Graciliano, com uma linguagem diferente, adaptado ao meio pelo qual será veiculado, acrescida da visão tida pelo diretor do filme quando da leitura da obra do escritor. Mas, e o texto de Faoro? Como conciliá-lo com as duas obras, um romance contado sob dois pontos de vista e linguagens diferentes? Será necessário partirmos de uma análise concreta para chegarmos à teoria que une esses três “textos”.
De 1894 a 1930, o Brasil viveu um período histórico que ficou conhecido como “República das Oligarquias”, onde poderosos proprietários rurais, grandes latifundiários, tinham grande influência na política do país. O início foi com a eleição de um presidente que representava a oligarquia do café
(Prudente de Morais), e o fim, em 1930, com o golpe de Estado que elegeu
Getúlio Vargas para presidente do país. Nesse período, os grandes “coronéis”, senhores das ricas fazendas, tinham influência política, econômica e social na população local. Também manipulavam o voto nos políticos por eles apoiados, através do “voto de cabresto”.
Se fizermos uma análise mais profunda na obra de Graciliano e no filme, que vai além do romance e da história contada do personagem e pelo personagem Paulo Honório, veremos que essa estrutura oligárquica brasileira
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