A construção da sexualidade feminina na história da humanidade
Maria Claudia de O. Lordello, Psicóloga e Sexóloga, Coordenadora da Psicologia do Projeto Afrodite de Sexualidade Feminina - UNIFESP, mestranda em sexualidade humana pela UNIFESP, São Paulo, SP. Endereço eletrônico: mc.lordello@uol.com.br
Guenia Bunchaft, Doutora em Psicologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro e Professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Homens e mulheres são diferentes anatomicamente. A cultura, porém, exerce tão forte influência no indivíduo em sua sexualidade, que torna os aspectos biológicos e culturais quase inseparáveis. Façamos uma retrospectiva sobre a sexualidade humana desde os primórdios para entender como as diferenças anatômicas e culturais entre homens e mulheres marcaram esse processo. Pré-história: a grande conquista dos hominídeos com a evolução foi o tornarem-se bípedes. Foi possível, então, a relação sexual de frente, permitindo um olhar face a face, o beijo, o abraço e a proximidade afetiva entre o homem e a mulher. Foi no período Paleolítico que o homem se tornou caçador e a mulher colhedora, provavelmente em consequência das diferenças anatômicas e biológicas entre eles. No período Neolítico, o homo sapiens começou a praticar a agricultura, tornando-se sedentário e dando origem à propriedade privada. Até então, a descendência era contada em linha materna, pois a participação do homem na gravidez era desconhecida. A dominação masculina sobre a mulher teve início a partir do momento em que ele se tornou ciente de seu papel na procriação. Antiguidade: na Grécia, as mulheres eram consideradas inferiores aos homens, não tendo nenhum direito político e acesso à educação. As casas possuíam recintos diferentes para homens e mulheres e elas só podiam sair para ir a rituais sagrados. Como exceção em termos de igualdade entre homens e mulheres, existiam as hetairas, prostitutas de alto nível que eram belas, inteligentes e treinadas para este ofício