Literatua e verdade
Em um texto aquilo que está em jogo é sua relação com a fundação do sentido, ou seja, sua relação com a verdade. Dessa maneira devemos lembrar que o conceito da literatura é uma idéia criada por filósofos. Platão quando fala de literatura, por exemplo, está dando um conceito de filosofema. Como Derrida disse a literatura é de alguma maneira fila da filosofia, ela faz parte de sua historia e está marcada por uma serie de noções de natureza filosófica (imitação, forma, tempo). Nesse sentido o conceito de literatura que sempre é definido como desvio imitativo, serviria como uma estratégia para legitimar-se e garantir a especificidade do discurso filosófico.
Na literatura está em jogo a problemática da verdade. A literatura é um lugar no qual a relação com a própria identidade é fundamental para se compreender o sentido de um texto. A literatura não pode ser analisada como um objeto com normas pré-estabelecidas. Derrida afirma em resumo que uma definição do literário não pode ser anterior ao literário. Não podemos afirmar que um texto é literário sem levar em conta o que nele se apresenta. Como podemos analisar então uma obra sem projetar sobre ela um referente ou um significado transcendental?
Nem por isso aquilo a que chamamos texto literário exclui o problema da sua nomeação, de sua verdade. Pelo contrario: o problema da literatura está presente em todo texto que se coloca como literário ou que ao literário, de alguma forma se opõe. A verdade da literatura constitui interesse e sentido do texto literário. No livro de Kafka analisado por Derrida, a 'lei' é antes de mais nada a lei da literatura, a lei própria diante da qual um texto se coloca e que o define como tal.
Mas se na literatura está em jogo a verdade, devemos nos interrogar também sobre os modos pelos quais essa relação se estabelece. A relação da literatura com a verdade é tida como ilegítima na maioria das vezes, uma derivação imitativa, ou seja como um desvio em relação ao