Linguagem
O CAMPO DISCURSIVO NA MÍDIA*
Rosana Paulillo**
Resumo: A partir da noção de termos-pivô, redimensionada sob a perspectiva de tema e
acontecimento discursivo (GUILHAUMOU et al, 1994), detectou-se, na edição de 07.05.1998 do jornal Folha de São Paulo, um campo discursivo (MAINGUENEAU, 1984) constituído a partir de seca/saque, envolvendo 10 textos de diferentes gêneros. A análise delimita os sentidos produzidos em cada acontecimento discursivo e os efeitos interlocutivos que sua inserção no campo produz, sob o modo da refutação recíproca (COURTINE, 1981). As formações discursivas conflitantes que se manifestam no campo respondem ao ideal de imparcialidade do jornalismo contemporâneo; mas a configuração do campo, resultado do gesto interpretativo do jornal, é, ela própria, produtora de sentidos.
Palavras-chave: campo discursivo; termos-pivô; acontecimento discursivo; refutação; jornal.
1 INTRODUÇÃO
Este trabalho consiste num estudo sobre a constituição do campo discursivo na mídia impressa. Desenvolve-se através da análise de discurso de um conjunto de materiais textuais presentes na edição de 07.05.1998, do jornal Folha de São Paulo.
Maingueneau define campo discursivo como “um conjunto de formações discursivas que se encontram em concorrência, se delimitam reciprocamente
[...]” (1984, p. 28). Tal concorrência, diz, deve ser considerada de modo amplo:
“ela inclui tanto o afrontamento direto quanto a aliança, a neutralidade aparente
[...] entre discursos que possuam a mesma função social e divergem sobre o modo como se deve ocupá-la” (1984, p. 28).
O campo discursivo objeto deste trabalho se inscreve na categoria do político e as diferentes posições de discurso relativas a diferentes formações discursivas, aqui representadas, envolvem o presidente Fernando Henrique
*
O trabalho apresentado neste artigo foi desenvolvido como atividade didática com os alunos do curso de Jornalismo da PUC -SP, na disciplina An·lise de