Linguagem audiovisual
Introdução
Observando a história do cinema, podemos ver como a conquista da linguagem cinematográfica, à qual o vídeo está ligado, se confunde com a conquista da liberdade da câmera. Imóvel nos primeiros tempos, a câmera se comportava como um espectador de teatro, sentado em sua poltrona, assistindo ao desenrolar da ação de um mesmo ponto de vista e com um mesmo enquadramento. Foi só quando a câmera começou a registrar a ação de mais de um ponto de vista, que o cinema deu os primeiros passos na conquista de sua linguagem.
Utilizando efeitos de composição e iluminação, aproximando ou acompanhando a ação, um objeto, uma personagem, deixando algo fora de quadro, revelando ou omitindo informações, a câmera vai construindo a trama dos acontecimentos, encontrando significados onde antes só parecia existir o acaso. É nesse contexto que sua utilização deixa de ter uma função puramente seletiva e se transforma em um importante recurso de linguagem audiovisual.
Corte
O corte, fundamento da edição, é o que há de mais característico da linguagem audiovisual. É ele que nos permite trabalhar as possibilidades da edição como rearticuladora da narrativa. A edição determina a natureza de espaço diegético e o diferencia do espaço como o conhecemos no mundo real. O espaço e as coisas que ele contém se apresentam a nós, no mundo real, como uma continuidade ilimitada. Isolamos diferentes partes do espaço em um esforço de atenção, mas as partes adjacentes estão perfeitamente presentes.
Nosso campo total de visão é, naturalmente, limitado e muda quando andamos de carro ou dobramos a esquina, ou entramos em outra sala. Mas a mudança é continua, sua natureza é previsível tanto no que se refere ao que aparece como ao que desaparece. Sabemos que espaço e objeto existem no mundo real, existem mesmo antes de vê-los, e que continuam a existir quando os perdemos de vista.
Muitas vezes temos a tendência a registrar toda a cena em uma única tomada (plano-seqüência),