Lingua materna
Nildete Silva de Melo No início da década de 80, os estudos acerca da psicogênese da língua escrita trouxeram aos educadores o entendimento de que a alfabetização envolve um complexo processo de elaboração de hipóteses sobre a representação lingüística. Nos anos seguintes, estes estudos se voltaram para o letramento. Ou seja, se antes o enfoque era cognitivo, passou à dimensão sócio-cultural da língua escrita e de seu aprendizado.
Isso rompe com a crença de que para um sujeito que aprende, há outro que ensina. Esse dois sujeitos passam então a ser parte do mesmo processo. Da mesma maneira, delineia outros espaços da aprendizagem que vão muito além dos muros da escola. A concepção de letramento contribuiu para redimensionar o que hoje tem-se sobre as dimensões da leitura e da escrita, dos desafios de ensinar a ler e escrever bem como possíveis causas para a não aprendizagem da leitura e da escrita.
Durante muito tempo a alfabetização foi entendida como mera codificação e decodificação, isto é, como a aquisição de um código fundado na relação entre fonemas e grafemas. No entanto, sabe-se que isso é insuficiente para dividir a imensa e diversa população brasileira em alfabetizados e analfabetos. Com o tempo, romper com o ciclo de analfabetismo no Brasil, tornou-se fonte de estudos e pesquisas o que vem desencadear em várias práticas de ensino da leitura e da escrita.
O Brasil, com sua tradicional cultura de influência, segue a mesma trajetória dos países desenvolvidos; ao final do século XX impôs a praticamente todos os povos a exigência da língua escrita não mais como meta de conhecimento desejável, mas como verdadeira condição para a sobrevivência e a conquista da cidadania. Foi no bojo de grandes transformações que o termo letramento surgiu, “ampliando o sentido do que tradicionalmente se conhecia por alfabetização” (Soares, 2003).
Hoje,