Ligações químicas
A química na agricultura
O uso da química na agricultura, até recentemente, era visto como modernidade. Marcus Barifouse Matallo, do Instituto Biológico, é um dos pesquisadores brasileiros mais credenciados sobre o tema. A preocupação com o seu controle surgiu na década de 50, mas só em 1959 o poder público se sensibilizou para que fosse criado um regulamento sobre os níveis de resíduos nos alimentos. O Ministério da Agricultura, por sua vez, começou a prestar atenção no problema só em 1974, quando passou a exigir dados sobre o agroquímico a ser registrado. Em 1977, o Rio Grande do Sul criou a primeira legislação sobre o uso de pesticidas e, no ano seguinte, o Instituto Biológico iniciou um monitoramento em frutas e hortaliças na Ceagesp de São Paulo.
Antonio Batista Filho, colega de Matallo no IB, defende uma integração entre química e biologia no controle de pragas e doenças dos alimentos. “Este é o paradigma do meio rural, a busca de um alimento saudável. Está avançado o espírito de se produzir alimentos com menos contaminação. Nós temos necessidade de produtos químicos nos grandes cultivos, mas há possibilidade de reduzir a quantidade com o uso de moléculas mais seletivas”, avalia.
O especialista lembra que a agricultura orgânica, que abole o uso de inseticidas e fertilizantes, teve um significativo avanço em pouco mais que uma década. Em 1987, a Europa cultivava 250 mil hectares organicamente. Em 2000 foram 2,9 milhões de hectares. O problema, segundo Batista, é o custo para o consumidor, até 50% acima do preço do produto cultivado tradicionalmente. Mesmo assim, a demanda cresce 40% anualmente.No Brasil, os produtos orgânicos representam 2% no setor de frutas, verduras e legumes, com defasagem de 40% entre oferta e demanda, segundo dados dos hipermercados Extra e Carrefour. A Associação de Agricultura Orgânica do Estado de São Paulo informa que as vendas subiram de R$ 5 milhões em 1999 para R$ 20 milhões em 2000.
Em contrapartida, as