Liderança
Identificação e Liderança nas Organizações Contemporâneas:
Por uma abordagem complementar
Autoria: Eduardo Davel, Hilka Vier Machado e Paulo Grave
Com a finalidade (a) de explorar as novas abordagens sobre liderança e (b) de contextualizá-la no panorama de transformações organizacionais contemporâneas, este trabalho analisa os processos de liderança e de identificação como fenômenos complementares e recíprocos. O líder se relaciona por meio de comportamentos complementares com aqueles desenvolvidos durante o processo de identificação em seus seguidores. A reciprocidade desses comportamentos é alicerçada (a) de um lado, na busca do líder que almeja ser escolhido e que, para se manter no papel, em razão de seu narcisismo acentuado, opta pela constante reconstrução de si mesmo, por ações constantemente diferenciadas, pelo desejo de auto-superação, pela intensidade de suas emoções – todos em estreita sincronia com o imaginário do grupo e da organização; (b) de outro lado, na busca dos liderados por eleger alguém que reduza a incerteza subjetiva de suas existências no trabalho, que confira um significado a suas atividades quotidianas e que estabeleça um sentimento de afiliação, ou seja, que forneça um substrato emocional, social e cognitivo no qual e com o qual todos possam se reconhecer através de protótipos e categorias significativas e representativas para o grupo.
Introdução
A liderança, como campo teórico e empírico de pesquisa, tem se desenvolvido de maneira variada, dependendo das concepções e preferências metodológicas adotadas pelos pesquisadores. Talvez o aspecto mais controverso deste campo de pesquisa se refira aos diferentes (e em parte contraditórios) fundamentos epistemológicos que recortam e embasam os estudos sobre liderança (Hunt et al., 1988). Na sua globalidade, essas distinções são marcadas pelos focos de análise utilizados que privilegiam segmentadamente os traços do líder, o seu comportamento, os aspectos