licenciado
A etnopsiquiatria, também designada por “síndromes ligadas à cultura” ou CBS (Culture-bound syndromes), define-se como uma prática da psiquiatria. Ela complementa de forma igual a dimensão cultural do problema psicológico e sua abordagem, e a análise dos funcionamentos psíquicos internos. Considera-se que as crenças antigas constituem o instrumento eficaz para compreender e curar.
Para Gonçalves (2003), a Antropologia é entendida por muitos, como a ciência que estuda a cultura, o Homem como ser cultural e criador da cultura. A Antropologia está também ligada à área da saúde, ou da medicina, é uma subdisciplina da Antropologia social e cultural que se consolidou na década de setenta, com investigadores anglo-saxónicos interessados na aplicação de técnicas e métodos da investigação antropológica, no sentido de encontrarem respostas para a generalidade das doenças e muito particularmente dos transtornos mentais.
O protótipo biomédico, centrado numa visão individualista da doença e do sofrimento, ignora muitas vezes as determinantes sociais e culturais envolvidas. Esta atitude redutiva confunde-se frequentemente com a actividade científica do médico e de outros profissionais de saúde, quando orientados por uma visão objectiva do sofrimento humano. É a perspectiva de quem vê a doença, o órgão e menospreza a tradução subjectiva da doença, com as suas irradiações pessoais, familiares e sociais, que assentam a própria doença, como que do lado de fora do organismo.
A ideia de que a doença é uma entidade natural, em que as causas devem ser identificadas e combatidas em diversos aspectos, tem sido investigada e problematizada pela antropologia médica ou antropologia da saúde.
Segundo Massé citado por Abreu (2003, p.41), “a antropologia da saúde é uma subdisciplina da antropologia consagrada à análise das formas como os indivíduos, nas diversas culturas e grupos sociais, reconhecem e definem os seus problemas de saúde, tratam as suas