libras
Profa. Dra. Cristina Cinto Araújo Pedroso2
A gramática da Língua Brasileira de Sinais (Libras) é uma área de conhecimento que tem sido explorada por linguistas no Brasil apenas nas últimas décadas. Portanto, as produções além de raras são recentes. Grande parte dos estudos sobre a Libras baseia-se em outros realizados sobre a Língua de Sinais Americana (ASL).
Essa produção ainda incipiente, no Brasil, é reflexo da própria história dos surdos, de sua educação, comunidade, cultura e identidade. Os surdos foram, historicamente, privados de utilizarem a língua de sinais e o uso foi proibido nos contextos escolares. Tal situação começou a se modificar apenas na segunda metade do século 20, com os estudos de Stokoe.
No Brasil, os primeiros estudos sobre a língua de sinais utilizada no país foram realizados na década de 1980, por Ferreira-Brito e Felipe. O reconhecimento da Língua Brasileira de Sinais como a língua da comunidade surda brasileira ocorreu em 2002, com a Lei 10436/02, regulamentada pelo Decreto 5626/05, apenas no ano de 2005.
Atualmente, conta-se no Brasil com estudos sobre os aspectos gramaticais e discursivos da Língua Brasileira de Sinais, produzidos principalmente pela Universidade Federal de Santa Catarina, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e pelo Instituto Nacional de Educação e Integração dos Surdos (INES).
Assim, este texto baseia-se principalmente nas contribuições de Ferreira-Brito (1995) e Quadros e Karnopp (2004). Sua proposta é apresentar alguns aspectos considerados fundamentais em relação à fonologia, morfologia e sintaxe da Língua Brasileira de Sinais. Cabe destacar que em alguns momentos os aspectos aqui relacionados extrapolam o campo gramatical e adentram o discursivo, considerando-se o intercâmbio entre essas duas dimensões lingüísticas.
A fonologia e a fonética são áreas da linguística cujo objeto de estudo são as unidades mínimas da língua de sinais