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Neste texto Skliar parte do pressuposto de que o surdo é assistido sob uma ótica antropológica, histórica-social. Aborda, de maneira bem clara, a questão da surdez, problematizando e questionando a constante rotulação de deficiência.
Skliar aponta para a existência de uma ideologia dominante, criada pela cultura oral, que impõe ao surdo seu modo de vida. Uma ideologia que define o surdo com supostos traços negativos, com rótulos do tipo: desvio de normalidade, falta e deficiência. Um estigmatismo que, segundo o autor, contamina a educação desenvolvida para os surdos.
A surdez é apontada pelo nosso autor como uma diferença a ser politicamente reconhecida, uma identidade. Todavia essa ideologia dominante, que o autor chama de “ouvitismo”, configura-se em um conjunto de representações segundo o qual o surdo é obrigado a olhar-se e a narrar-se como se fosse um ouvinte.
De fato o “ouvitismo” teve como base os textos da medicina, a autoridade dos pais e, até mesmo, dos próprios surdos que acabavam por negar sua condição. Deste modo o “ouvitismo” foi de fato, é o que expõe o Skliar, uma forma de “colonização” do currículo que acabou equiparando os surdos aos doentes mentais. Tal conjuntura leva incondicionalmente ao fracasso escolar que muitas das vezes é atribuído ao fracasso dos professores; a metodologia de ensino tidas como limitadas; e ao próprio surdo pela sua condição biológica natural.
Skliar diz que a educação dos surdos não fracassou, ela apenas conseguiu os resultados previstos em função dos mecanismos e das relações de poderes e de saberes atuais. O autor nos diz ainda que o que de fato fracassou foi a representação da ideologia dominante a cerca do que é o sujeito surdo; os direitos linguísticos e de cidadania; as teorias de aprendizagem; a epistemologia dos professores ouvintes na aproximação com seus alunos surdos. O