Libras
LIBRAS: A Língua de Sinais dos Surdos Brasileiros Por Clélia Regina Ramos(*) – Professora e Jornalista-USP, Pós-Graduada em Ciências da Comunicação-USP, Pós-Graduada em Lingüística Aplicada às Ciências Sociais-UERJ, Mestre e Doutora em Semiologia-UFRJ, Ex-Editora da Revista da FENEIS e Diretora Executiva da Editora Arara Azul Ltda. (*) Clélia, também, é mãe de um jovem surdo e pesquisadora da Cultura Surda. Mesmo quando estiveram banidas da educação dos surdos, as Línguas de Sinais (ou mímica, com se dizia) despertavam o interesse dos educadores. Como surgiram? Quando? Por que não existe uma Língua de Sinais única para que os surdos de todo o mundo possam se comunicar entre si? Essas perguntas, porém, são as mesmas que se fazem com relação à própria existência da linguagem humana. Desde que o homem passa a refletir sobre sua existência enquanto homem, ele reflete sobre essa questão. O mito ocidental da Torre de Babel pode servir como símbolo dessa busca de respostas. São incontáveis os estudos lingüísticos, históricos, sociológicos sobre o surgimento da língua falada pela humanidade. Houve um desenvolvimento gradual, progressivo da linguagem, no qual ela se tornou o sistema complexo de significação e comunicação que é hoje, ou, como consideram outros pesquisadores, desde que existe é a linguagem formalmente completa, idêntica ao que conhecemos hoje em dia? O primeiro ponto de vista é defendido por cientistas como G. Révész, que, em seu livro Origine et Préhistoire du langage (citado por Kristeva: 1981), aponta para uma perspectiva evolutiva na qual, em seis etapas, traça uma linha desde a comunicação animal até a linguagem humana altamente desenvolvida e complexa. O homem em seu estado primitivo estaria associado à dêixis, aos gritos e aos gestos. Essa visão, compartilhada durante muito tempo pela comunidade científica