Liberdade
Acontecimento motivador da reflexão: A tempestade e o agradecimento de Vasco da Gama a Deus pela proteção recebida.
Tema da reflexão/Posicionamento crítico do poeta: O verdadeiro valor da glória e os modos de a conquistar: esforço, sofrimento, perseverança e humildade.
O excerto apresenta regularidade estrófica, em que todas as estâncias são oitavas, rimática (abababcc) e métrica (os versos são decassílabos – 10 sílabas métricas).
Já a menhã clara dava nos outeiros
Por onde o Ganges murmurando soa,
Quando da celsa gávea os marinheiros
Enxergaram terra alta, pela proa.
Já fora de tormenta e dos primeiros
Mares, o temor vão do peito voa.
Disse alegre o piloto Melindano:
− Terra é de Calecu, se não me engano.
[[A manhã clareava sobre os montes da Índia, os marinheiros de cima da gávea enxergaram terra alta. Já livres da tempestade e da precedente agitação dos mares, desfez-se o medo. O piloto de Melinde disse que lhe parecia terra de Calecut.]]
Esta é por certo a terra que buscais
Da verdadeira Índia, que aparece;
E, se do mundo mais não desejais,
Vosso trabalho longo aqui fenece. –
[[A terra à vista era, sem dúvida, a verdadeira e própria Índia, que os Portugueses procuravam. Se não desejavam mais do mundo, ali se acabavam os seus trabalhos.]]
PLANO NARRATIVO: As estâncias integram-se no plano da viagem, correspondendo ao momento da chegada da armada à Índia: “− Terra é de Calecu, se não me engano” (est. 92, v. 8); “Esta é por certo a terra que buscais / Da verdadeira Índia, que aparece” (est. 93, vv. 1-2)
SENTIMENTOS VIVIDOS PELAS PERSONAGENS: No momento da chegada, os marinheiros sentem alívio (“o temor vão do peito voa”, est. 92, v. 6) e o piloto enviado pelo Rei de Melinde mostra-se “alegre” (est. 92, v. 7) com o fim da viagem e a concretização do objectivo dos