liberalismo
Neoliberalismo: capitalismo e exclusão soical neste final de século 1
Luiz A. M. Filgueiras2
INTRODUÇÃO
O intuito deste texto é o de tratar, num plano genérico, três fenômenos, de dimensão mundial, que se entrelaçam e se complementam enquanto elementos determinantes do desemprego e da precarização do trabalho em escala planetária, quais sejam: oneoliberalismo, a reestruturação produtiva e a globalização. Em particular, tem por objetivo evidenciar que, embora distintos quanto aos seus respectivos significados e momentos históricos que lhes deram origem, esses fenômenos estão profundamente articulados no processo de transformações pelo qual vêm passando o capitalismo, desde o início dos anos 70, com a crise do fordismo e o término do Acordo de Bretton Woods.
Em decorrência dessas transformações, a relativa estabilidade de um certo “modo de vida”, estruturado a partir do pós-guerra nos países
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As idéias aqui expostas foram apresentadas, de forma preliminar, em mesa-redonda do seminário interdisciplinar “O Mal-Estar no Fim do Século XX”, organizado pelo Depto de
Ciências Humanas e Filosofia da Universidade Estadual de Feira de Santana e pela Escola
Brasileira de Psicanálise - Bahia/ Polo Feira, no dia 14/05/1997
2 Prof. Adjunto da Faculdade de Ciências Econômicas da UFBA. O autor agradece à profa
Graça Druck pelos comentários e sugestões feitos e, como é de praxe, se responsabiliza inteiramente pelas idéias aqui apresentadas.
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Associação Brasileira de Estudos do Trabalho
capitalistas centrais, e cuja característica maior é a existência de uma grande “rede de proteção ao trabalho e de segurança social ao cidadão”, passou a ser fortemente abalada, dando origem a um sentimento generalizado de insegurança nas mais diversas esferas da sociedade.
No plano subjetivo, a representação e compreensão desses fenômenos tem desembocado na formulação de uma série de idéias que anunciam o fim das