Leviatã
Thomas Hobbes de Malmesbury escreveu o Leviatã ou Matéria, Forma e Poder de Um Estado Eclesiástico e Civil há exatos trezentos e cinqüenta anos. Texto que traduziu emblematicamente, por intermédio de uma figura metáfora mítica o Estado, esse meio civil, esse palco aberto onde interagem os homens. Mas uma pergunta incômoda se faz necessária no mundo do terceiro milênio: ainda vivemos no Estado-Leviatã? A própria obra de Hobbes, publicada em 1651, serve como roteiro para se entender nossa situação atual. Hobbes retoma postulados da tradição grega para expor suas concepções do contrato social estabelecido no seio da sociedade moderna. Uma afirmação que está latente em sua obra, e que pode ser generalizada para todos os pensadores dos séculos 15 e 16, é de que toda cultura ocidental pautou-se pelo exemplo da convivência grega. Nesse sentido, deve-se admitir que ainda hoje nossa estrutura de organização está lastreada pela herança deixada pelos gregos. Nossa moral e nossa conduta política ainda procuram suas justificações nas ágoras atenienses. Freqüentemente, esquecemo-nos que a estrutura do homem pós-descobrimento da América e pós-chegada à Lua (para ficar em apenas dois momentos marcantes de alteração de noção espacial humana) transformou-se radicalmente em relação à do homem grego que sabia o que via e via o que sabia. Pode-se, historicamente, falar em um momento pré-analógico (mundo grego) que se desenvolve e franqueia uma concepção de mundo que alcançará o estágio da totalidade-analógica medieval (com a fechada concepção aristotélica-ptolomáica-agostiniana do mundo) e, posteriormente, uma fragmentação digital do mundo moderno com a dissolução de um ponto de vista único e a relativização da verdade. Mundo digital – Assim, o estado grego era o que os homens viam e sua totalidade estava dispersa em inúmeros vislumbres. O primeiro passo no sentido da