Leviatã
1.1 - O Absolutismo no século XVI
A prática da doutrina do Direito Divino para legitimar os atos reais, não provocavam uma reação popular generalizada, apesar da tradicional antipatia dos ingleses por qualquer discurso autoritário. Isto porque, internamente, após a dissolução do feudalismo, a Inglaterra passou por um processo de redefinição social, no qual nem a nobreza feudal enfraquecida nem os novos setores sociais tinham condições de agir de modo eficaz contra todas as arbitrariedades do estado absolutista.
O historiador Tocqueville caracterizou de modo preciso esse momento favorável ao fortalecimento do absolutismo, que, frisava ele, nada mais era do que a época de transição entre a monarquia feudal e a monarquia democrática do final do século XVII:
Os nobres já estavam derrubados e o povo ainda não se levantara, encontrando-se uns em demasia por baixo e os outros não suficientemente por cima para que quaisquer uns pudessem dificultar o movimento do poder. Decorreram cento e cinqüenta anos, que foram como a idade de ouro dos príncipes, durante os quais tiveram ao mesmo tempo a estabilidade e a onipotência...(TOCQUEVILLE, 1982, p.198).
Assim o estado absolutista nascia como uma instituição política aglutinadora e mediadora dos interesses em jogo.Esse estado cumpria uma função importante, que era reconhecida pela esmagadora maioria dos ingleses.
Outros fatores, internos e externos, deixaram os reis ingleses numa situação mais confortável para proclamar e colocar em prática o absolutismo. Internamente, até 1549, a sociedade inglesa viveu aterrorizada pelas revoltas camponesas, as chamadas jacquerie (Esse termo foi cunhado na França, para denominar as revoltas dos camponeses franceses ocorridas nos séculos XV e XVI. )
Nesse ano, ocorreu a última revolta camponesa grave, a ponto de fazer a gentry fugir aterrorizada de suas casas. Uma repressão brutal extinguiu rapidamente todos os focos da rebelião, com exceção do