Leviatã cap 5
O raciocínio se faz quando alguém concebe uma soma total, a partir da adição ou da subtração de pequenas parcelas. Os escritores de política adicionam pactos para descobrir os deveres dos homens, e os juristas adicionam leis e fatos para descobrir o que é certo e errado nas ações dos homens. Logo, seja em qualquer matéria, se houver lugar para adicionar ou subtrair (coisas, informações, etc.), há também espaço para a razão. E a razão, nesse sentido, seria nada mais que o cálculo das consequências das coisas estabelecidas. Mas, mesmo fazendo o uso da razão, os homens podem errar e inferir falsas conclusões. Isso ocorre porque a razão de nenhum homem (um ou vários) constitui certeza.
O uso e a finalidade da razão não é descobrir a soma e a verdade de uma ou várias consequências, mas sim começar pela primeira consequência a seguir de uma para a outra. Pois não pode haver certeza da conclusão sem saber a soma de todas as coisas que fizeram parte do processo de elaboração.
Mesmo os homens mais prudentes estão sujeitos ao erro. Mas quando o raciocínio foi construído com premissas gerais e a conclusão for falsa, é considerado absurdo ou um discurso sem sentido.Pois o erro é apenas uma ilusão de algo que não tinha nenhum impossibilidade aparente, enquanto uma asserção geral, se não for verdadeira, é considerada inconcebível. É como se alguém falasse que um quadrado é redondo.
O homem se destaca de todos os outros animais no quesito raciocínio. Mas esse privilégio é acompanhado de um outro, que é o privilégio de ser submetido ao absurdo.
A primeira causa das conclusões absurdas é a falta de método, pelo fato de não começarem seu raciocínio com definições. É como fazer uma conta de 1+2+3 sem saber o valor dos numerais 1, 2 e 3.
A segunda causa são os absurdos decorridos de confusão e de inadequação ao darem nome aos acidentes.
A terceira causa é o fato de se darem nomes aos acidentes