Letras
Revista Varia scientia n. 01, p. 11-17, 2001
ARTIGOS & ENSAIOS
Clarice Nadir von Borstel
BILINGÜISMO
SITUAÇÕES SOCIOLINGÜÍSTICAS
INTRODUÇÃO
or trás de mudanças políticas há grandes transformações socioculturais, étnicas e econômicas, isto em qualquer aspecto da vida social; assim também, surge a variação lingüística de um ou mais códigos lingüísticos em uma determinada comunidade de fala de línguas em contato. Muitos trabalhos, sobre variedades lingüísticas, na área da sociolingüística, têm como base os estudos de Labov (1972, 1986). O pressuposto básico de suas pesquisas é o de que o comportamento lingüístico de um determinado informante, necessariamente, reflete categorias básicas da estrutura social da comunidade da qual o indivíduo faz parte. Isso inclui categorias como classe sócio-econômica, grupo étnico, sexo, faixa etária, escolaridade, entre outras. Por isto, estudar a língua não é só estudar uma variedade estanque e imutável como, geralmente, é concebida a norma padrão da língua. Estudar a língua, em uma comunidade, como sistema de comunicação e integração, é compreender as maneiras de utilização desta pelo indivíduo falante, em sociedades geográficas, históricas e socialmente diferentes entre si. Pelo fato de uma variedade lingüística estar em permanente evolução e, devido aos constantes contatos com outras variedades, através da utilização que os falantes fazem dela, esta não pode permanecer pura, estática e estanque. Estará sempre recebendo e repassando influências a outras variedades com as quais realiza contatos. Estas influências podem ser bidialetais, ou seja, de uma variedade para outra da mesma língua
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ANO 01 Nº 01 AGOSTO 2001
ARTIGOS & ENSAIOS
(Soares, 1986: 49), ou bilíngües, de uma para outra variedade de duas línguas diferentes, multilíngües e, ou plurilíngües, variação de mais de duas línguas (Kloss, 1986: 74). Assim, como cada indivíduo necessita relacionar-se com outras pessoas, cada povo