Letras
- O Falatório:
Martin Heidegger diz que “O homem se mostra como um ente que é no discurso”. Sendo assim, o homem pode se “perder” de si mesmo, tornando-se todos, então, ninguém. Ou seja, a partir do momento que apenas se repete algo que foi dito e determinado por alguém, sem se pensar e interpretar o que está a se dizer, o homem passa a ser apenas mais um elemento de uma massa sem originalidade e autonomia, sendo assim o falatório uma maneira de “não ser”. Existe a fala e a escrita, e aquele que as recebe pode ampliá-las, enriquecendo-as com seu ponto de vista, ou apenas repeti-las (por meio do falatório). Desta forma, quando apenas se repete a informação, deixa-se de aproximar da coisa falada, ficando apenas no superficial dela. Além disso, o falatório tende a dar à informação um caráter autoritário, pois a repetição impede que a pessoa aceite outras interpretações do que está a ser estudado, acreditando que não existem outros modos de entender e ler aquilo. Portanto, a fala e a escrita tornam-se autoridades inquestionáveis. Assim, o falatório torna-se a quem o pratica, muito cômodo. Pois, desta maneira, não é necessário nenhum esforço de compreensão nem o medo de estar errado, pois “é assim que se fala”, “é assim que todos pensam”.
- A Banalização do Mal:
Existe o exemplo de Adolf Eichmann (oficial nazista na 2ª Guerra Mundial) em seu julgamento, um dos expoentes do século passado do “repetidor-burro”. Hannah Arendt repara que, nas declarações do réu, detecta-se que sua linguagem e raciocínio são repletos de clichês, portanto, a superficialidade e a ausência do pensar. Vemos então que o “falatório” é análogo ao “clichê”, sendo