Ler e escrever na escola: o real, o possível e o necessário
Qual é o desafio?
O desafio é formar praticantes da leitura e da escrita e não apenas sujeitos que possam “decifrar” o sistema de escrita. É formar seres humanos críticos, capazes de ler entrelinhas e de assumir uma posição própria frente à mantida explícita ou implicitamente, em vez de persistir em formar indivíduos dependentes da letra do texto e da autoridade de outros. Ou seja, formar seres humanos pensantes, críticos, que não aceitam somente o que lhe seja imposto. O grande desafio é formar pessoas que sejam capazes de escolher e selecionar o que lhe é interessante ler, e que a leitura ultrapasse as barreiras da escola. Acredito que o maior desafio de um professor que faça com que os alunos tenham prazer na leitura e na escrita e que criança seja capaz de perceber o quão importante esse processo é em nossa vida.
O desafio é promover a descoberta e a utilização da escrita como instrumento de reflexão sobre o próprio pensamento, como recurso insubstituível para organizar e reorganizar o próprio conhecimento, em vez de manter os alunos na crença de que a escrita é somente um meio para reproduzir passivamente, ou para resumir – mas sem reinterpretar – o pensamento de outros.
É possível a mudança na escola?
Os deságios apresentados implicam uma mudança profunda. Levá-la à prática não será fácil para a escola. As reformas educativas – pelo menos as que realmente merecem tal nome – costumam tropeçar em fortes resistências.
A inovação tem sentido quando faz parte da história do conhecimento pedagógico e quando, ao mesmo tempo, retoma e supera o anteriormente produzido. No entanto, as inovações que realmente supõe um progresso em relação à prática educativa vigente têm sérias dificuldades para se instalar no sistema escolar; em troca, costumam adquirir força pequenas “inovações” que permitem alimentar a ilusão que algo mudou, “inovações” que são passageiras e logo serão substituídas por outras que