Leonardo boff
UM TEXTO DE LEONARDO BOFF (OU "OUSAR SABER")
Este texto de Leonardo Boff (de 2010) é uma boa leitura considerando os acontecimentos dos primeiros dias de 2012. Suscita algumas reflexões. A terrível associação entre "cumprir ordens" e crimes contra a Humanidade, ou qualquer forma de perversidade, assombra nosso tempo. Ao escrever sobre o sentido do Iluminismo, Kant disse que a ideia era "sapere aude": ter a ousadia de saber. O indivíduo que sacraliza uma regra, uma ordem, uma norma positiva sem submetê-la a um juízo crítico aliena sua humanidade. Torna-se coisa. Peça de uma engrenagem. Escravo de alguém. Ao negar a própria humanidade - porque não pensa - nega a humanidade do outro. Tudo está ligado no humano. Exercer a plenitude da própria condição humana, não renunciando à faculdade de raciocinar, faz ver a plenitude da condição humana do outro.
Segue o texto (http://leonardoboff.com/site/lboff.htm)
Recordamos neste ano os 65 anos do Holocausto de judeus perpretado pelo nazismo de Hitler e de Himmler. É terrificante a inumanidade mostrada nos campos de extermínio, especialmente, em Auschwitz na Polônia. A questão chegou a abalar a fé de judeus e de cristãos que se perguntaram: como pensar Deus depois de Auschwitz? Até hoje, as respostas seja de Hans Jonas do lado judeu, seja de J.B.Metz e de J. Moltmann do lado cristão, são insuficientes. A questão é ainda mais radical: Com pensar o ser humano depois de Auschwitz?
É certo que o inumando pertence ao humano. Mas quanto de inumanidade cabe dentro da humanidade? Houve um projeto concebido pensadamente e sem qualquer escrúpulo de redesenhar a humanidade. No comando devia estar a raça ariana-germânica, algumas seriam colocadas na segunda e na terceira categoria e outras, feitas escravas ou simplesmente exterminadas. Nas palavras de seu formulador, Himmler, em 4 de outubro de 1943: "Essa é uma página de fama de nossa história que se escreveu e que jamais se escreverá". O