Leonardo Boff evidencia o tema da espiritualidade no contexto dramático e perigoso em que se encontra atualmente a humanidade. Sua reflexão situa a urgência da espiritualidade e enfatiza na atualidade as face dos mitos que circulam pela cultura - mitos da exterminação da espécie, da liquidação da biosfera, da ameaça do futuro comum, da Terra e da humanidade.Em momentos assim dramáticos, o ser humano mergulha na profundidade do Ser e coloca questões básicas: O que estamos fazendo neste mundo? Qual é o nosso lugar no conjunto dos seres? Como agir para garantirmos um futuro que traga esperança para todos os seres humanos e para o planeta? O que podemos esperar para além desta vida?É nesse contexto que o autor coloca a questão da espiritualidade. Ao citar o Dalai-Lama, considerado por ele como uma das pessoas mais messiânicas do nosso tempo, Boff evidencia a distinção essencial entre religião e espiritualidade: a primeira associada a crenças, dogmas, rituais; a segunda relacionada às qualidades do espírito humano - compaixão, amor, tolerância, capacidade de perdoar, solidariedade -, que trazem felicidade para a própria pessoa e para os outros. E denuncia momentos e formas em que a religião se torna a negação da espiritualidade.Descreve poeticamente a dimensão mística e política da espiritualidade de Jesus Cristo, fazendo também a distinção entre o Reino de Deus anunciado por Cristo e a Igreja como construção humana posterior, sujeita a distorções capazes de comprometer fundamentalmente a mensagem original.Ilumina nossa compreensão mostrando a diferença entre os caminhos espirituais percorridos pela humanidade no Ocidente e no Oriente para concluir, à luz de uma afirmação do Dalai-Lama, que a melhor religião é a que nos faz mais compassivos, sensíveis, amorosos, humanitários, responsáveis. E que nenhuma religião pode invocar o monopólio dos meios para chegar a Deus.Termina seu texto com um comovente diálogo com sua mãe, analfabeta, mas possuidora de uma sabedoria que