Paulo Agostinho Nogueira Baptista
ABERTURAS
Paulo Agostinho Nogueira Baptista∗
Introdução
A reflexão desenvolvida nesta comunicação objetiva destacar limites e aberturas quanto ao diálogo inter-religioso, que podem ser encontrados na Teologia da Libertação
(TdL), desenvolvida por Leonardo Boff até 1990/93.1 A partir dessa data, acontece o início de uma mudança significativa em seu pensamento, com a nova perspectiva assumida através do “Paradigma Ecológico”.
Buscou-se avaliar seus temas principais, investigando e destacando aqueles que indicam limitações e fechamentos, de um lado, e horizontes e aberturas ao diálogo interreligioso e à TdPR, de outro. Constata-se que, com o “paradigma ecológico”, a teologia de Leonardo Boff passou a realizar a articulação entre dois enfoques: a libertação e o diálogo inter-religioso2. Mas antes da mudança havia tal perspectiva? Analisar, portanto, toda a teologia de Leonardo Boff sob a perspectiva do diálogo é importante, pois apresenta as raízes/fundamentos e as virtualidades que ajudam a compreender sua teologia e explicar o processo de mudança, mesmo com a consciência de que a tônica ou a ótica dela era inicialmente a libertação, e não o diálogo inter-religioso.
1. As questões limitadoras
A teologia de Leonardo Boff até 1990 revelava-se com diversas limitações que dificultavam o diálogo inter-religioso.
A cristologia, tanto em sua primeira fase mais antropológica (até 1973) quanto na
Cristologia da Libertação (a partir de 1977), em parte, não se apresentava na perspectiva do diálogo inter-religioso. Além do diálogo não ser colocado como questão, como tema teológico, a preocupação e a prioridade da TdL eram a dinâmica libertadora, inicialmente, marcada pelos aspectos sociopolítico-econômicos. A libertação e a categoria “Reino de
Deus” poderiam até ser considerados fontes de abertura, mas elas não tiveram essa dimensão. O motivo principal é a relevância da transformação estrutural diante do