Leituras da Evangelii Gaudium do Papa Francisco
A esperança cristã como compromisso
Contributos da Exortação Apostólica Evangelii Gaudium do Papa Francisco
O homem é um ser aberto ao futuro. O cristão, em concreto, olha para o futuro de um modo particular: com uma atitude de esperança, rumo a um futuro absoluto ao qual Deus o habilita1. Não obstante, esta atitude de esperança deve levar a um agir comprometido no presente, vivendo o «quotidiano concreto como uma eternidade diária»2, fazendo com que a vida vá «melhorando de qualidade»3 nas palavras de Miguel Torga. Com efeito, como nos diz a Constituição Pastoral Gaudium et Spes, «os cristãos, peregrinos da cidade celestial, devem buscar e saborear as coisas do alto. Mas, com isso, de modo algum diminui, antes aumenta a importância do seu dever de colaborar com todos os outros homens na edificação dum mundo mais humano»4. Efectivamente, «a fé, a cruz e o amor, bases da vida cristã, iniciam cá em baixo, na escuridão, o Reinado de Deus a consumar no seu Reino, o Céu»5. Por isso mesmo, a esperança cristã não pode ser reduzida a um «mais além» da morte individual e colectiva6.
Por conseguinte, o ser humano, enquanto espera «os novos céus e a nova terra», é chamado a assumir uma atitude de verdadeira abertura ao outro, na certeza de que depende, «como humano, da comunhão com a humanidade dos outros»7, pois o «nosso mundo é sempre o que construímos com os outros»8. Assim, «os cristãos devem dar o seu contributo para tornar o mundo mais humano», pois na verdade «a esperança cristã tem sempre as duas facetas: a esperança para os homens na Terra e a esperança na comunhão com Deus, que nos espera no Céu»9. Na recente Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, o Papa Francisco afirma claramente a primazia do ser humano e a necessidade de este se reconhecer como um ser com os outros, na certeza de que só assim a vida tem sentido.
Deste modo, afirma que a humanidade assiste, neste momento, a uma viragem histórica, constatável nos progressos que se